Escultura em bronze representando Vénus a remover a sua sandália, Itália, final do século XVIII. Medidas: A 25,5 cm x diámetro 8 cm Preço entre 2.500,00/2.800,00 euros Objeto acompanhado de certificado de autenticidade Esta escultura em bronze representa Vénus enquanto se descalça da sandália. Realizada na época neoclássica na Itália, é composta pela escultura em bronze da deusa grega Afrodite, Vénus para os romanos. A deusa nua, preparando-se para o banho, faz o gesto, muito humano, de desapertar uma sandália. O braço esquerdo, por outro lado, está levantado, como para compensar a posição, mantendo o equilíbrio. Ao lado dela, enrolado em torno de um esporão rochoso, encontra-se um golfinho, animal iconograficamente ligado à deusa por causa do seu nascimento da espuma do mar. A figura assenta numa base cilíndrica e côncava em bronze, com reservas finamente cinzeladas. O elemento de bronze assenta, por sua vez, num cilindro de mármore africano com base em preto da Bélgica. Vénus é uma das maiores deusas romanas principalmente associada ao eros e à beleza. É tradicionalmente entendida como o equivalente da deusa grega Afrodite, deusa da beleza, do amor físico e passional, entre as maiores divindades do Olimpo. O seu nascimento deve-se a um evento dramático: Urano, o Céu, é mutilado pelo filho Crono, que o pune pelos danos infligidos à mãe. Os membros dilacerados de Urano precipitam-se no mar e fecundam a espuma das ondas da ilha de Chipre. Dos flutuações emerge em todo o seu esplendor Afrodite. A partir do século IV, Afrodite começa a ser representada com caracteres mais humanos e menos heroicos. Praxíteles com a “Afrodite Cnídia”, pela primeira vez na história da escultura, retrata-a nua, enquanto se prepara para tomar um banho ritual. Do modelo praxiteliano, descendem a Vénus Capitolina (Museus Capitolinos de Roma) e a Vénus de’ Medici (Uffizi de Florença) acompanhada por Eros nas costas de um golfinho. Desta linhagem faz também parte um tema frequentemente atestado na era helenística e depois romana, com exemplos em bronze, em mármore e em terracota: a “Afrodite que aperta a sandália”. A fortuna que este tipo de representação teve nos séculos seguintes é demonstrada pelo vasto número de esculturas que a representam. Nesta obra de bronze, a deusa retoma a posição da Vénus Nua de Oplontis: aqui Vénus segura uma maçã na mão esquerda, lembrando a sua vitória no concurso de beleza em que prevaleceu sobre Minerva e Juno por julgamento de Paris. No nosso bronze, no entanto, a mão parece querer apertar a maçã, que, no entanto, não foi modelada. Talvez o bronze se inspire em outra obra, como os bronzes conservados no museu arqueológico de Pádua. Outro exemplo é a célebre “Vénus de biquíni” encontrada em Pompeia, assim definida porque retrata a deusa na mesma pose, mas com o peito e os quadris cobertos por faixas pintadas de ouro. O golfinho retratado ao lado poderia ser inspirado, em vez disso, na Vénus Medicea, enquanto o penteado descrito é mais próximo do da Vénus Capitolina: um penteado complexo com um nó alto em laço e tranças caindo sobre os ombros. Esta escultura, portanto, confirma o interesse na época neoclássica das obras da era helenística e romana, as quais, por vezes, eram reinterpretadas pelos autores, inspirando-se em diversos exemplos antigos. Muito decorativa e de agradável fatura, propõe um tema ainda hoje muito apreciado: Vénus continua a ser considerada deusa de bom augúrio, protetora do enamoramento e do casamento.
Época: Segunda metade do século XVIII








